A agência de classificação de riscos Fitch afirmou nesta segunda-feira, 27, que a reeleição da presidente Dilma Rousseff não muda a projeção de condições difíceis para empresas brasileiras em 2015. “Os problemas sistêmicos, como a inflação e um sistema fiscal excessivamente complexo e ineficiente, vão continuar a prejudicar os fluxos de caixa das empresas”, disse a agência. A demanda doméstica deve permanecer fraca à medida que a confiança das empresas e dos consumidores não deve se recuperar de forma significativa.
Para a Fitch, investimentos que possam eliminar gargalos de logística serão cruciais para acelerar o crescimento econômico. A agência afirmou que sinais claros de um nível reduzido de envolvimento estatal no setor privado durante o segundo mandato de Dilma devem ser importantes para melhorar a confiança das empresas e retomar os investimentos.
“Progresso contínuo em atrair capital privado para grandes projetos de infraestrutura será um componente crucial para restaurar a qualidade de crédito de empresas brasileiras para além de 2015”, disse.
O modelo econômico impulsionado pelo crédito, visado pelo atual governo, está perdendo força, disse a agência, ao ressaltar as dívidas das famílias. A Fitch também afirmou que o real provavelmente não vai se enfraquecer o suficiente em 2015 para melhorar a rentabilidade dos exportadores e agir como uma barreira de importação em setores desprotegidos. “Os exportadores perderam competitividade contra seus pares globais durante a última década, devido à alta inflação que elevou os custos”.
“A valorização da moeda também aumentou as dificuldades. Empresas como a Vale, que tem uma vantagem competitiva a nível mundial devido ao alto teor de ferro de seu minério, e a Fibria, que é um produtor de baixo custo de celulose de mercado devido ao rápido crescimento das árvores de eucalipto, foram capazes de manter a sua posição de negócios forte. Em setores como siderurgia, os brasileiros já não têm uma presença forte e agora olham para o governo para limitar as importações através de tarifas”.
Fonte: Estadão, 27/10/2014; Infomoney.